“São as fornalhas estelares, as grandes usinas do cosmos, que produzem os
elementos químicos que formam tudo o que compõe a nossa chamada realidade.
Contudo, o carbono somente é produzido por estrelas que já estão com o seu "tempo
de vida" em estado avançado. O nosso Sol é uma estrela relativamente jovem, com
cerca de 4.6 bilhões de anos, e está longe de atingir a etapa que poderíamos chamar
de senilidade do seu ciclo existencial, quando então, provavelmente, se transformará
numa gigante vermelha, fase na qual as estrelas costumam produzir o elemento
carbono, espalhando-o no espaço sideral, como uma espécie de pólen levado pelo
vento cósmico na tentativa de semear os mundos com alguma forma de vida.
O aparentemente estranho na questão é que o Sol nunca produziu um só elemento
de carbono e nem existe nenhuma estrela gigante vermelha nos recantos próximos
da nossa galáxia que pudesse ter semeado a vida no nosso planeta. Mas é óbvio que,
segundo constatação científica, houve um tempo em que, na nossa vizinhança
galáctica, um dia, "no longínquo passado cósmico", existia uma estrela que, antes de
expirar o seu ciclo de vida, semeou esta parte do universo com o carbono por ela
produzido.
Foi através do estudo da chamada poeira estelar que se percebeu que uma certa
antepassada do Sol semeou os seus "restos mortais" em uma nuvem de gás e poeira
que existia em local próximo que, mais tarde, se transformaria no nosso sistema
solar, ou seja, o Sol e os planetas que o circundam. O processo se dá através da
busca e catalogação de pequenos grãos de poeira estelar de carboneto de silício, já
que esses foram formados no interior de outras estrelas que não mais existem.
Existem, ainda, outros aspectos que marcam a vida na Terra e que também
repousam em eventos ocorridos além das fronteiras terrestres que terminaram por
influenciar de maneira decisiva o processo de evolução da natureza planetária.
Que o homem conheça, existem noventa e dois elementos químicos "naturais" no
universo. Os átomos desses elementos são formados por elétrons, prótons e
nêutrons, e estes dois últimos, por sua vez, são feitos de quarks. Tudo o que
podemos enxergar no universo é constituído com esses componentes básicos, desde
os corpos celestes até a sujeira das ruas.
É curioso perceber que, dos noventa e dois elementos químicos que existem, apenas
seis deles formam noventa e nove por cento dos seres vivos conhecidos em nosso
mundo. Esses seis elementos têm em comum a propriedade de precisar adquirir elétrons
para complementar os níveis de energia que lhes são mais externos, o que os
torna tendentes a formar as chamadas ligações covalentes.
A título de exemplo, podemos citar o caso do átomo de carbono, que possui quatro
elétrons na sua camada mais externa, podendo partilhar cada um desses elétrons
formando ligações covalentes com outros quatro átomos de carbono ou outro
elemento. É devido, exatamente, a esta versatilidade de se combinar com outros
átomos que torna possível a construção de grandes moléculas, as quais, por sua vez,
se transformam na base estrutural de todos os seres vivos conhecidos na natureza.
Observemos, agora, um outro aspecto interessante na formação dos corpos animais
que respondem pela espécie humana. Como já dito, o ser humano é composto,
preferencialmente, por seis elementos, nas seguintes proporções:
Azoto 5,14%
Carbono 19,7396%
Enxofre 0,6496%
Fósforo 0,63%
Hidrogênio 9,3196%
Oxigênio 62,8196%
Podemos perceber que mais da metade da constituição do corpo humano é formada
pelo oxigênio. Este, por sua vez, dentro dos moldes em que, na atualidade, o
percebemos na atmosfera, foi um dia produzido por uma população de bactérias que
povoou todo o planeta, mudando o curso da nossa história pela habilidade que
tinham em criar e liberar o tão precioso oxigênio na atmosfera e por todos os
quadrantes planetários. Sem elas, o planeta não seria habitável para a raça humana e
nem teriam surgido outros aspectos da vegetação terrestre, como veremos adiante.
Atualmente, desde que as plantas surgiram, o oxigênio é produzido através do
processo de fotossíntese, que faz com que os átomos que foram forjados durante a
gênese e a evolução das estrelas sejam incorporados aos sistemas biológicos que
conhecemos (grifo nosso). Em outras palavras, através do processo fotossintético (que transforma o dióxido de carbono + água + energia luminosa em glicose e oxigênio), as plantas obtêm os átomos de dióxido de carbono procedente da atmosfera, ao mesmo tempo em que utilizam a energia solar para construir as moléculas orgânicas. Estas, que
são as peças de construção dos tecidos vegetais, incorporam-se aos animais e a
outros organismos que se alimentam delas.”
Extraído do livro “Fator Extraterrestre” de Jam Val Ellam.